Especial Sinfônico – Edição 2024
Após o estrondoso sucesso do Especial Sinfônico Iron Maiden realizado em 23 de junho de 2023, a colaboração única e grandiosa entre a banda Steel Maiden e a Orquestra Sinfônica do Estado de Santa Catarina – OSSCA retorna ao palco do Teatro Ademir Rosa no Centro Integrado de Cultura em Florianópolis para a sua segunda edição em 25 de abril de 2024.
Abaixo você encontrará mais informações sobre o Iron Maiden, a banda Steel Maiden, a Orquestra Sinfônica do Estado de Santa Catarina – OSSCA e o repertório completo que será apresentado na noite do evento de 25 de abril de 2024. Explore também a história e a descrição da temática por trás de cada música, mergulhando na narrativa fascinante das canções do Iron Maiden.
IRON MAIDEN
O Iron Maiden é uma banda inglesa de Heavy Metal. A banda foi fundada em Londres em 1975 pelo baixista e compositor Steve Harris e foi uma das pioneiras do movimento musical que ficou conhecido como New Wave of British Heavy Metal (Nova Onda do Heavy Metal Britânico).
A banda atingiu grande sucesso internacional no início dos anos 1980, sempre acompanhados de uma crescente base de fãs. Hoje, com quase 50 anos de história, 17 álbuns de estúdio, vários singles e registros ao vivo, a banda produziu vários discos multi-platina com músicas que tornaram-se clássicos do gênero, tornando o Iron Maiden uma das bandas de heavy metal mais influentes e reverenciadas de todos os tempos e um dos grupos mais importantes do estilo.
Integrantes:
Bruce Dickinson – Vocal
Steve Harris – Baixo e Backing Vocal
Dave Murray – Guitarra
Adrian Smith – Guitarra e Backing Vocal
Janick Gers – Guitarra
Nicko McBrain – Bateria
STEEL MAIDEN
Composta por músicos experientes e talentosos, a Steel Maiden tem se dedicado a reproduzir fielmente a energia, a intensidade e a emoção dos shows do Iron Maiden, com um repertório repleto de clássicos atemporais que marcaram e continuam marcando gerações de fãs da Donzela de Ferro.
Os integrantes da banda são verdadeiros fãs do Iron Maiden, e por isso se esforçam ao máximo para reproduzir cada detalhe das músicas das apresentações da banda original. Para isso, a Steel Maiden utiliza equipamentos de alta qualidade, figurinos e cenários semelhantes aos utilizados nos shows da Donzela, além de uma performance de palco intensa e eletrizante, que transporta o público para uma atmosfera única em cada show. A banda tem conquistado cada vez mais fãs por onde se apresenta, sempre seguindo os passos da sua referência britânica que por décadas permanece ativa e fidelizando ainda mais os fãs.
Integrantes:
Irineu Antonio – Vocal
Thiago Moser – Baixo e Backing Vocal
Lucio Iannone – Guitarra
Guilherme Kraieski – Guitarra e Backing Vocal
Marcos Bichels – Bateria
ORQUESTRA SINFÔNICA DE SANTA CATARINA – OSSCA
Em 1992 o maestro José Nilo Valle aceitou o desafio do governo estadual de criar uma orquestra sinfônica com o nome de Santa Catarina. A estreia da Ossca aconteceu em 25 de novembro de 1993, no Teatro Ademir Rosa, em Florianópolis.
A história musical do estado ganhou nova dimensão com a criação da Orquestra Sinfônica de Santa Catarina. Nascida de um sonho artístico, alimentado durante a década de 1980 pelo músico catarinense José Nilo Valle, a Ossca foi considerada Patrimônio Histórico Artístico e Cultural em 2009.
Em 2013, a sinfônica catarinense foi reconhecida na Constituição Estadual como organismo de interesse máximo da cultura musical, por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 001/2013. Com esse reconhecimento, o Estado admite a necessidade da destinação de recursos públicos para a manutenção da orquestra.
Ao longo dos anos, a Ossca tem inspirado o aparecimento de diversos grupos de câmara, cameratas e orquestras, que emergiram a partir do sonho de 1993. Ela foi pioneira na implantação da tradição regular de concertos sinfônicos na capital, na expansão da música pelas cidades do interior e em projetos para a formação de jovens talentos.
Maestro José Nilo Valle – Direção Artística e Regência
André Almeida – Produção Executiva
Bruno Arceno – Arranjos
Silvio Cesar – Produção Operacional
Paulo Roberto Brum – Cerimonial
Juarez Mendonça – Direção de Som: JZ Produções
Gabriel Velasquez – Diretor de Luz
Nefhar Vonbork – Fotografia
Felipe Melo – Vídeo: Pops Filmes
INTEGRANTES
:: CORDAS ::
Vinnie Dixie – Violino
Guido Venceslau Santana Gohlke – Violino
Edmar Deunízio – Violino
Cindy Gabrielli – Violino
Tiago Guarnieri – Viola
André Luiz Vieira – Viola
Pedro Rangel da Silva – Violoncelo
Camila Durães Zerbinatti – Violoncelo
:: MADEIRAS ::
Eduardo Pinheiro – Flauta
Ana Cecília Walczak – Clarineta
:: METAIS ::
Elias Correia Júnior – Trompete
Gabriel Barbalho dos Santos – Trompete
Bogdan Antoane – Trompa
Gilmar de Freitas – Trombone
Daniel Rosa – Tuba
REPERTÓRIO DO SHOW
THE WICKER MAN
Música do álbum Brave New World, lançado em 2000.
Composição: Adrian Smith, Steve Harris, Bruce Dickinson
A faixa fala simbolicamente sobre o egoísmo do ser humano e alerta sobre como estamos perdendo o apreço pela vida. “The Wicker Man” foi inspirada em um filme britânico de mesmo nome lançado em 1973. O filme conta a história fictícia do policial Neil Howie (Edward Woodward), que chega à ilha de Summerisle, na Escócia, para investigar o desaparecimento de uma jovem. No local, ele descobre que todos os habitantes da ilha seguem costumes completamente diferentes e a tensão e o mistério aumentam quando ele conhece Lord Summerisle (Christopher Lee), o poderoso líder da uma seita pagã. O filme explora com grande ênfase os antigos ritos e costumes do paganismo, em especial a festa de 1º de maio, Festa da Primavera ou Festa de Beltane (de origem celta).
O objeto título da música, The Wicker Man, em tradução livre “o homem de vime”, era uma estátua construída de vime com pelo menos quatro metros de altura em formato de uma pessoa que os celtas queimavam. Dentro dessa estátua eram oferecidos sacrifícios humanos aos deuses. O ritual servia como agradecimento pela boa colheita, mas também era usado como condenação: em geral, as vítimas eram ladrões e criminosos diversos.
O Iron Maiden usou alguns trechos do filme para compor a letra da música, mas não conta literalmente sua história nem descreve o ritual pagão. A música “Wicker Man” (sem o “the”), gravada em 1997 e que integra a carreira solo do vocalista Bruce Dickinson, narra com mais detalhes o ritual celta.
STRANGER IN A STRANGE LAND
Música do álbum Somewhere in Time, lançado em 1986.
Composição: Adrian Smith
Embora o título da música e a imagem de seu single tenham reminiscência do romance de mesmo nome do escritor estadunidense Robert A. Heinlein, ‘Stranger in a Strange Land’ conta a história fictícia de um explorador preso no gelo enquanto sua expedição cruzava o Círculo Ártico. Isolado e sem possibilidade de socorro, o explorador congela até a morte. Cem anos depois, um outro grupo de exploradores descobrem o seu corpo totalmente intacto, preservado no tempo graças as baixas temperaturas.
Adrian Smith teve a inspiração da letra da música após conversar com um explorador que passou por uma experiência semelhante em uma expedição real, ao descobrir um corpo congelado na neve. A música tem um dos solos mais marcantes da carreira de Adrian Smith no Iron Maiden, acompanhado por linhas melódicas do baixo de Steve Harris.
REVELATIONS
Música do álbum Piece of Mind, lançado em 1983.
Composição: Bruce Dickinson
“Revelations” é uma música com vários significados. Ela possui citações à Bíblia Sagrada cristã (em inglês, o Livro do Apocalipse é chamado de Book of Revelations), à filosofia da fé Hindu e também à ensinamentos do Yoga e outras crenças e filosofias orientais, mas ao mesmo tempo é possível inverter a ideia básica e então a música assume um significado totalmente diferente se você olhar um pouco mais longe.
O primeiro verso é um trecho de um hinário inglês, escrito por G. K. Chesterton (1874-1936), que o vocalista e compositor Bruce Dickinson aprendeu na escola. Embora o texto tenha sido escrito no século XIX, sua descrição corresponde estranhamente ao que está acontecendo hoje em dia. Bruce também afirma que “há muito dinheiro circulando em nossa sociedade, mas, na verdade, quanto mais dinheiro você tem menos provável é que seja realmente feliz”. Essa oração introdutória fala da coragem de tirar o orgulho e substituí-lo por esperança e união, e a música fala sobre o uso da força de vontade para superar a escuridão e o desespero e romper com as correntes da opressão. A música também explora metaforicamente temas gerais de renascimento, com a letra falando sobre “o beijo da serpente”, “o olho do sol”, um lugar sagrado e o amanhecer. A música serve como um chamado e um lembrete de que basta uma pequena centelha de coragem para iniciar uma revolução.
As obras do ocultista inglês Aleister Crowley (1875-1947) também influenciaram a composição desta canção (como também é o caso com outras músicas do Iron Maiden compostas por Bruce Dickinson). Crowley pensava que, ao concentrar toda a sua energia apenas em seu cérebro, o homem poderia influenciar e mudar a forma como as coisas eram. De acordo com Crowley, o homem deveria lutar contra a natureza para exercitar seu cérebro e os poderes que ele contém, e alcançar por este meio a felicidade. Bruce Dickinson escreveu ‘Revelations’ em referência a esta teoria.
Além do significado bíblico, existe o princípio de que o homem pode revelar-se a si mesmo. O principal obstáculo à comunicação e à felicidade é feito do egoísmo e da auto-estima deslocada que dividem as pessoas entre si. Em outra parte da música é dito que “Não há razão para um lugar como este”, mostrando o absurdo da existência do homem na Terra se a esperança não existir mais. Em outro trecho é mencionado o “segredo do enforcado”: nas crenças hindus populares, o homem enforcado (the hanged man) é um sinal de boa sorte. É por isso que a música afirma que ele tem “um sorriso nos lábios”. Bruce lida com todos esses conceitos com eficiência e cautela devido à sua complexidade, tornando ‘Revelations’ uma música bastante enigmática.
BLOOD BROTHERS
Música do álbum Brave New World, lançado em 2000.
Composição: Steve Harris
Essa música foi escrita pelo baixista Steve Harris e tem como inspiração uma homenagem ao falecimento do seu pai. Além disso, a música não é apenas sobre essa homenagem, mas principalmente fala sobre a vida e o que pode eventualmente estar além dela. A homenagem ao pai falecido está lá principalmente para destacar que o fio condutor entre a vida e a vida após a morte são as memórias daqueles que partiram. Afinal, segundo o compositor, a única certeza que temos é que os entes queridos que partiram ainda vivem em nossa memória.
A música também é um alerta em tom de vergonha sobre o que está acontecendo no mundo contemporâneo. Capítulos negativos da História se repetem, independentemente das lições dos eventos passados (“… você acha que aprendemos? Não se você olhar para a confusão devastada pela guerra”). Surge a questão do significado da vida (“Será que algum dia saberemos qual é realmente a resposta para a vida?”) (“Você pode realmente me dizer o que é a vida?”).
Steve Harris resumiu o significado dessa música em uma entrevista logo após o lançamento do álbum: “Basicamente, está dizendo que todos nós somos feitos de sangue e pele e que há coisas boas e ruins no mundo, mas todos temos o mesmo sangue e não importa quem somos e de onde viemos.” Toda a humanidade, somos “irmãos de sangue” (blood brothers).
POWERSLAVE
Música do álbum Powerslave, lançado em 1984.
Composição: Bruce Dickinson
A faixa título de mesmo nome do icônico álbum “Powerslave”, composta pelo vocalista Bruce Dickinson, retrata os momentos finais da existência de um faraó no Antigo Egito. Naqueles tempos, a teocracia era o regime da região e os faraós eram a peça central nesse teatro de poder. Não eram somente os reis do Egito, mas, antes de tudo, eram reverenciados como representantes na Terra do deus supremo, Osíris. Eram tidos como deuses vivos pelo seu povo.
Sua letra traz para o ouvinte o paradoxo gerado pela situação do faraó: como um deus vivo pode morrer? Ao chegar aos seus momentos finais, o homem que ao longo da vida foi tratado de forma divina entende que o destino de sua alma é unir-se novamente a Osíris através da morte de seu corpo físico. Ele finalmente percebe que, apesar de seu enorme poder em vida, tudo que ele fez e conquistou foi na verdade uma obra do deus supremo que lhe deu a vida. Seu futuro, portanto, é inevitável, restando-lhe apenas passar seu trono para seu sucessor.
O faraó se vê como apenas um joguete nas mãos de um poder muito maior que o seu: o poder da Morte, o poder de Osíris, governante supremo do submundo. Assim ele foi e sempre será um “escravo do poder” (powerslave).
THE WRITING ON THE WALL
Música do álbum Senjutsu, lançado em 2021.
Composição: Adrian Smith, Bruce Dickinson
Essa música busca inspiração em um tema bíblico. “The Writing on the Wall” (a escrita na parede) é uma expressão idiomática que sugere um evento iminente que trará problemas ou desastres. A origem dessa expressão baseia-se no relato da ‘Festa de Belsazar’, do capítulo 5 do livro do profeta Daniel no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada cristã. Esse relato é também a origem da frase cotidiana sobre “a escrita na parede”, significando que um determinado evento é iminente e deveria ser óbvio para um observador.
O relato bíblico conta que, em comemoração à destruição do Primeiro Templo, Belsazar (um príncipe herdeiro babilônico, filho do rei Nabucodonosor) oferece um banquete extravagante para mil de seus senhores. As festividades são interrompidas quando uma mão misteriosa aparece e começa a escrever na parede. Isso leva Belsazar a convocar seus sábios para decifrar o texto, mas eles são incapazes de fazê-lo. Seguindo o conselho da rainha, Belsazar então convoca o profeta Daniel, uma figura conhecida por sua sabedoria, que oferece um lembrete de que Nabucodonosor foi humilhado por Deus por sua arrogância. Ele então informa a Belsazar, um conhecido blasfemador, que a escrita na parede avisa o príncipe de que sua vida logo chegará ao fim, que ele foi pesado e considerado em falta e que seu reino será entregue aos medos e aos persas.
Embora essa música não faça referência direta à história bíblica, ela usa sua lição para transmitir uma mensagem de condenação e destruição iminentes. O vocalista Bruce Dickinson alerta que tempos terríveis estão chegando, mas nem todos podem ver que uma tempestade está chegando. Ele implora ao ouvinte que preste atenção aos sinais. O videoclipe da música conta com uma elaborada história em animação e computação gráfica, mostrando Quatro Cavaleiros encapuzados que atravessam o deserto em um esforço para derrotar um adversário político (pintado como um presidente americano, como evidenciado pela placa ‘Pres 1’ e bandeiras americanas de cabeça para baixo sem suas 50 estrelas). Ainda assim, a mensagem permanece a mesma: se um indivíduo não reconhecer o inevitável e se atentar aos sinais enquanto ainda há tempo, tudo terminará mal para ele.
AFRAID TO SHOOT STRANGERS
Música do álbum Fear of the Dark, lançado em 1992.
Composição: Steve Harris
Composta pela baixista Steve Harris, essa música tem como temática o campo de batalha de muitas guerras, em específico a Guerra do Golfo do início dos anos 1990.
A música começa de forma lenta e silenciosa, mas depois entra em uma batida mais rápida, um riff característico do Iron Maiden e uma seção instrumental inspirada.
Ao contrário da maioria das músicas de guerra que costumam tratar do combate em si ou de suas terríveis consequências, ‘Afraid to Shoot Strangers’ nos leva à mente de um soldado se preparando para a batalha. Ele está “tentando visualizar os horrores que estão por vir”, sendo o principal deles o fato de que provavelmente terá que matar (daí o “medo de atirar em estranhos”). Ele está com medo… medo de matar. Ele não quer matar um estranho, mais uma vítima dos políticos do outro lado da batalha.
Em uma entrevista em 1992, o vocalista Bruce Dickinson explica o tema da música: “É sobre guerras que são iniciadas por políticos e finalizadas por pessoas comuns, que na verdade não querem matar ninguém. A letra trata de como funciona a cabeça do soldado ao se preparar para uma batalha, suas dúvidas, seus medos, principalmente o de atirar em estranhos.”
THE TROOPER
Música do álbum Piece of Mind, lançado em 1983.
Composição: Steve Harris
Essa música fala sobre a Batalha de Balaclava na Guerra da Criméia que iniciou em 1853. Esse foi um conflito entre o Império Russo e uma aliança formada pelo Império Britânico, França, Turquia e o Reino da Sardenha, que mais tarde protagonizaria a unificação da Itália.
Desde o fim do século XVIII, o Império Russo buscava aumentar a sua influência na região dos Bálcãs através da unificação dos povos eslavos sob um governo único e com liderança russa. Declarando o objetivo de proteger os locais sagrados para os cristãos em Jerusalém, o Império Russo atacou os principados turcos na região do rio Danúbio. Temendo que a presença russa naquela região pudesse interromper a rota de conexão com a Índia, sua então colônia, o Império Britânico apoiou a reação turca contra os russos.
Devido a erros de informação, uma brigada da Cavalaria Ligeira Britânica (Light Brigade, no original – um grupo de soldados cujos armamentos eram mais leves e os cavalos eram mais rápidos) contando com aproximadamente 607 homens atacou uma posição russa que estava amplamente mais fortificada do que o informado, com aproximadamente 50 peças de artilharia e 20 batalhões, juntos somando mais de 5 mil homens. Esse erro de informação custou caro e os britânicos foram massacrados diante da enorme discrepância das forças envolvidas na batalha, resultando em poucos sobreviventes. Esse episódio foi imortalizado pelo poeta britânico Lord Alfred Tennyson em sua obra “O Avanço da Cavalaria Ligeira” (The Charge of the Light Brigade, no original) que Steve Harris se inspirou para compor a música “The Trooper” (o soldado) do ponto de vista de um dos combatentes britânicos.
O conflito se encerraria com a derrota dos russos que, percebendo não serem capazes de derrotar a aliança franco-britânica, buscam os termos da paz e assinam o tratado de Paris em 30 de março de 1856, pondo fim às hostilidades.
Esta história é pouco conhecida em outros países, mas ao povo britânico é tão popular e importante quanto é a guerra da secessão para os norte-americanos. Quando o Iron Maiden executa essa música ao vivo, o vocalista Bruce Dickinson veste uma réplica histórica do uniforme com a jaqueta vermelha utilizada pela cavalaria britânica, e balança uma bandeira do Reino Unido rasgada, chamuscada e permeada de marcas de tiros por causa do conflito.
THE CLANSMAN
Música do álbum Virtual XI, lançado em 1998.
Composição: Steve Harris
The Clansman é uma composição do baixista Steve Harris que claramente possui inspiração no filme Braveheart (Coração Valente) de 1995, estrelado e dirigido por Mel Gibson e em outro filme sobre a História da Escócia que também foi lançado no mesmo ano, nomeadamente Rob Roy.
A música é ambientada na Escócia medieval e descreve a luta dos clãs escoceses para se libertarem da opressão inglesa. Esta é uma música sobre liberdade e resistência contra um opressor. O refrão em si lembra especialmente o último grito de morte de William Wallace, “Liberdade!”.
O protagonista da canção se posiciona contra as forças que buscam tirar sua terra e sua liberdade, enfatizando uma profunda conexão com sua herança e uma determinação feroz em defendê-la. Os repetidos gritos por liberdade ao longo da música servem como um apelo de união, não apenas para o membro do clã, mas para qualquer um que sinta que os seus direitos e liberdades estão sob ameaça.
Esses temas são universais e ressoam em qualquer grupo ou indivíduo que tenha enfrentado a invasão das suas liberdades. Na letra “É certo acreditar na necessidade de ser livre” resume a mensagem central da música: o direito humano fundamental de viver livremente e sem subjugação.
WASTING LOVE
Música do álbum Fear of the Dark, lançado em 1992.
Composição: Bruce Dickinson, Janick Gers
Essa música, cujo título pode ser traduzido como “desperdiçando amor”, foi lançada como um dos principais singles do álbum Fear of the Dark e seu videoclipe teve grande divulgação na mídia. É uma das músicas do Iron Maiden que incorpora um violão acústico, trazendo uma atmosfera única em seus dedilhados repletos de sentimento.
Durante a divulgação do álbum, o vocalista Bruce Dickinson falou sobre o significado dessa música. Para Dickinson, a faixa teve como inspiração “aqueles que pulam de uma cama para outra, que dormem com quem quer que apareça pela frente, sem dar nem receber o que procuram, pois são muito solitários. Eles estão sozinhos consigo mesmos, mas estão continuamente em ação, colecionando relacionamentos de curto prazo para tentar preencher o vazio que sentem.”
A letra da música gera uma reflexão sobre o que é realmente importante nas relações humanas.
THE NUMBER OF THE BEAST
Música do álbum The Number of the Beast, lançado em 1982.
Composição: Steve Harris
A faixa título do álbum de mesmo nome foi escrita pelo baixista Steve Harris. De acordo com o compositor, a música foi inspirada em um pesadelo que ele teve após assistir ao filme de terror de 1978 Damien: A Profecia 2 tarde da noite (o filme é sobre a história de uma criança de 13 anos que é considerada o anticristo), além do poema narrativo Tam o’ Shanter, escrito em 1790 pelo poeta escocês Robert Burns, que o baixista tinha como leitura de cabeceira.
A música começa com uma passagem falada, lida pelo ator inglês Barry Clayton, citando o Livro do Apocalipse 12:12 e 13:18 da Bíblia Sagrada cristã que menciona o “número da besta”, representado pelo número seiscentos e sessenta e seis. Esse número também serve como refrão da música.
Embora a música tenha sido escrita inspirada no pesadelo de Steve Harris sobre o filme de terror que ele havia visto, muitos grupos religiosos, principalmente nos Estados Unidos, tomaram a música como prova de que o Iron Maiden era uma banda satânica, mesmo após várias entrevistas do grupo explicando a origem da música e considerando essas acusações um absurdo. A arte original do álbum, desenhada pelo ilustrador Derek Riggs, mostra o ser humano sendo manipulado como marionete pelo diabo, porém mais acima quem manipula o diabo como marionete é o mascote da banda, Eddie.
FEAR OF THE DARK
Música do álbum Fear of the Dark, lançado em 1992.
Composição: Steve Harris
Outra faixa título composta pelo baixista Steve Harris, essa música descreve como o narrador se sente ansioso quando está andando no escuro ou ouve um som estranho à noite. Ele é dominado pelo medo de que algo esteja sempre próximo e as sombras possam estar dançando atrás dele. O refrão reflete seus sentimentos de medo e paranoia constantes.
A música é sobre idéias paranóicas (medo de ser observado ou prejudicado por outras pessoas) ao invés de fobias (medo de objetos e situações), embora esta última seja referida na letra (“Tenho uma fobia de que alguém está sempre lá”). A escuridão parece ser o contexto e não a razão do medo. A música também explora a ideia de que o medo do desconhecido pode causar desconforto e muitas vezes pode ser irracional. Em essência, trata-se de superar o medo e aprender que as coisas que tememos muitas vezes não passam de ilusões mentais.
Nictofobia é o termo científico para o medo do escuro ou da noite. De acordo com Bruce Dickinson, Steve Harris escreveu essa música porque ele próprio tinha muito medo do escuro.
HALLOWED BE THY NAME
Música do álbum The Number of the Beast, lançado em 1982.
Composição: Steve Harris
Essa música, que originalmente encerra o álbum The Number of the Beast, é um tipo de melodia dos últimos ritos, já que o narrador reflete sobre sua vida enquanto caminha cada vez mais perto de sua morte prematura.
O narrador da música, mais especificamente, é uma pessoa inocente que logo será conduzido à forca para sua execução. A narração começa em sua cela e o toque do sino na introdução simboliza o fim de seu tempo na Terra. A futilidade da vida é questionada, o narrador afirmando que a vida aqui embaixo é apenas uma estranha ilusão. Uma pitada de hostilidade também é exibida – essa pessoa está prestes a ser executada injustamente por crimes que certamente não cometeu e, como resultado, muitas das frases da letra parecem frustradas e chocadas com essa reviravolta.
A letra é aberta à interpretação, além do tema da morte. Embora a interpretação lírica mais óbvia sejam os pensamentos de uma pessoa no corredor da morte, também pode ser interpretado como a morte de qualquer coisa importante na vida de alguém – como terminar um relacionamento ou largar um emprego. Essas interpretações variam de pessoa para pessoa, pois um significado mais pessoal pode ser derivado dessa faixa épica, mas a interpretação mais literal são os sentimentos de futilidade quando a mão do destino aponta dedo em você.
WASTED YEARS
Música do álbum Somewhere in Time, lançado em 1986.
Composição: Adrian Smith
Wasted Years (anos desperdiçados) é a segunda música e o primeiro single do álbum Somewhere in Time e foi composta pelo guitarrista Adrian Smith. É um hino de agradecimento ao presente. A música encoraja o ouvinte a refletir sobre o passado e encontrar uma maneira de se sentir bem pelo que se tem no momento presente em vez de perder tempo procurando por coisas que nunca poderão ser recuperadas.
A música também trata do assunto de saudade de casa e alienação, bem como os aspectos negativos que a banda viveu na turnê anterior de quase um ano à gravação dessa música e problemas pessoais pelos quais Smith e outros membros da banda estavam passando naquele período.
O refrão nos lembra de enfrentar, levantar o rosto, firmar nossa posição e perceber que estamos vivendo nos anos dourados de nossa vida. É um lembrete importante para se envolver e apreciar o presente, pois é tudo o que podemos ter certeza.
Especial Sinfônico – Edição 2023
Steel Maiden: A Banda Tributo Iron Maiden que deixou sua marca em Santa Catarina!
No dia 23 de junho de 2023, a banda Steel Maiden, tributo ao Iron Maiden de Florianópolis, fez história ao realizar o primeiro Especial Sinfônico Iron Maiden no sul do Brasil.
Essa colaboração única com a Orquestra Sinfônica do Estado de Santa Catarina – OSSCA resultou em um espetáculo grandioso, unindo música clássica e heavy metal.
Os ingressos esgotaram-se rapidamente, lotando o teatro no dia da apresentação. Isso evidencia a força da cena do Heavy Metal e a demanda dos fãs da Donzela de Ferro por uma experiência sinfônica. Foi uma oportunidade inédita no sul do Brasil, oferecendo aos espectadores uma fusão da atmosfera erudita com os sons marcantes do Iron Maiden, adaptados para uma orquestra sinfônica.
Dessa forma, durante o espetáculo, os clássicos imortais da Donzela de Ferro foram interpretados com arranjos elaborados para cordas, madeiras e metais, regidos pelo Maestro José Nilo Valle. Isso proporcionou uma experiência emocionante e envolvente aos espectadores.
Abaixo você encontrará mais informações sobre o Iron Maiden, a banda Steel Maiden, a Orquestra Sinfônica do Estado de Santa Catarina – OSSCA e o repertório completo apresentado na noite do evento de 23 de junho de 2023. Explore também a história e a descrição da temática por trás de cada música, mergulhando na narrativa fascinante das canções do Iron Maiden.
IRON MAIDEN
O Iron Maiden é uma banda inglesa de Heavy Metal. A banda foi fundada em Londres em 1975 pelo baixista e compositor Steve Harris e foi uma das pioneiras do movimento musical que ficou conhecido como New Wave of British Heavy Metal (Nova Onda do Heavy Metal Britânico).
A banda atingiu grande sucesso internacional no início dos anos 1980, sempre acompanhados de uma crescente base de fãs. Hoje, com quase 50 anos de história, 17 álbuns de estúdio, vários singles e registros ao vivo, a banda produziu vários discos multi-platina com músicas que tornaram-se clássicos do gênero, tornando o Iron Maiden uma das bandas de heavy metal mais influentes e reverenciadas de todos os tempos e um dos grupos mais importantes do estilo.
Integrantes:
Bruce Dickinson – Vocal
Steve Harris – Baixo e Backing Vocal
Dave Murray – Guitarra
Adrian Smith – Guitarra e Backing Vocal
Janick Gers – Guitarra
Nicko McBrain – Bateria
STEEL MAIDEN
Composta por músicos experientes e talentosos, a Steel Maiden tem se dedicado a reproduzir fielmente a energia, a intensidade e a emoção dos shows do Iron Maiden, com um repertório repleto de clássicos atemporais que marcaram e continuam marcando gerações de fãs da Donzela de Ferro.
Os integrantes da banda são verdadeiros fãs do Iron Maiden, e por isso se esforçam ao máximo para reproduzir cada detalhe das músicas das apresentações da banda original. Para isso, a Steel Maiden utiliza equipamentos de alta qualidade, figurinos e cenários semelhantes aos utilizados nos shows da Donzela, além de uma performance de palco intensa e eletrizante, que transporta o público para uma atmosfera única em cada show. A banda tem conquistado cada vez mais fãs por onde se apresenta, sempre seguindo os passos da sua referência britânica que por décadas permanece ativa e fidelizando ainda mais os fãs.
Integrantes:
Irineu Antonio – Vocal
Thiago Moser – Baixo e Backing Vocal
Lucio Iannone – Guitarra
Guilherme Kraieski – Guitarra e Backing Vocal
Danilo Coelho – Bateria
ORQUESTRA SINFÔNICA DE SANTA CATARINA – OSSCA
Em 1992 o maestro José Nilo Valle aceitou o desafio do governo estadual de criar uma orquestra sinfônica com o nome de Santa Catarina. A estreia da Ossca aconteceu em 25 de novembro de 1993, no Teatro Ademir Rosa, em Florianópolis.
A história musical do estado ganhou nova dimensão com a criação da Orquestra Sinfônica de Santa Catarina. Nascida de um sonho artístico, alimentado durante a década de 1980 pelo músico catarinense José Nilo Valle, a Ossca foi considerada Patrimônio Histórico Artístico e Cultural em 2009.
Em 2013, a sinfônica catarinense foi reconhecida na Constituição Estadual como organismo de interesse máximo da cultura musical, por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 001/2013. Com esse reconhecimento, o Estado admite a necessidade da destinação de recursos públicos para a manutenção da orquestra.
Ao longo dos anos, a Ossca tem inspirado o aparecimento de diversos grupos de câmara, cameratas e orquestras, que emergiram a partir do sonho de 1993. Ela foi pioneira na implantação da tradição regular de concertos sinfônicos na capital, na expansão da música pelas cidades do interior e em projetos para a formação de jovens talentos.
Maestro José Nilo Valle – Direção Artística e Regência
André Almeida – Produção Executiva
Bruno Arceno – Arranjos
Silvio Cesar – Produção Operacional
Paulo Roberto Brum – Cerimonial
Juarez Mendonça – Direção de Som: JZ Produções
Gabriel Velasquez – Diretor de Luz
Nefhar Vonbork – Fotografia
Felipe Melo – Vídeo: Pops Filmes
INTEGRANTES
:: CORDAS ::
Vinnie Dixie – Violino
Guido Venceslau Santana Gohlke – Violino
Edmar Deunízio – Violino
Cindy Gabrielli – Violino
Tiago Guarnieri – Viola
André Luiz Vieira – Viola
Pedro Rangel da Silva – Violoncelo
Camila Durães Zerbinatti – Violoncelo
:: MADEIRAS ::
Eduardo Pinheiro – Flauta
Ana Cecília Walczak – Clarineta
:: METAIS ::
Elias Correia Júnior – Trompete
Gabriel Barbalho dos Santos – Trompete
Bogdan Antoane – Trompa
Gilmar de Freitas – Trombone
Daniel Rosa – Tuba
REPERTÓRIO DO SHOW
THE WICKER MAN
Música do álbum Brave New World, lançado em 2000.
Composição: Adrian Smith, Steve Harris, Bruce Dickinson
A faixa fala simbolicamente sobre o egoísmo do ser humano e alerta sobre como estamos perdendo o apreço pela vida. “The Wicker Man” foi inspirada em um filme britânico de mesmo nome lançado em 1973. O filme conta a história fictícia do policial Neil Howie (Edward Woodward), que chega à ilha de Summerisle, na Escócia, para investigar o desaparecimento de uma jovem. No local, ele descobre que todos os habitantes da ilha seguem costumes completamente diferentes e a tensão e o mistério aumentam quando ele conhece Lord Summerisle (Christopher Lee), o poderoso líder da uma seita pagã. O filme explora com grande ênfase os antigos ritos e costumes do paganismo, em especial a festa de 1º de maio, Festa da Primavera ou Festa de Beltane (de origem celta).
O objeto título da música, The Wicker Man, em tradução livre “o homem de vime”, era uma estátua construída de vime com pelo menos quatro metros de altura em formato de uma pessoa que os celtas queimavam. Dentro dessa estátua eram oferecidos sacrifícios humanos aos deuses. O ritual servia como agradecimento pela boa colheita, mas também era usado como condenação: em geral, as vítimas eram ladrões e criminosos diversos.
O Iron Maiden usou alguns trechos do filme para compor a letra da música, mas não conta literalmente sua história nem descreve o ritual pagão. A música “Wicker Man” (sem o “the”), gravada em 1997 e que integra a carreira solo do vocalista Bruce Dickinson, narra com mais detalhes o ritual celta.
FLIGHT OF ICARUS
Música do álbum Piece of Mind, lançado em 1983.
Composição: Adrian Smith, Bruce Dickinson
Essa música tem sua inspiração na História e mitologia antiga, um tema comum em várias outras músicas do Iron Maiden. Nela é representado o “vôo de Ícaro” (Flight of Icarus), narrativa dos personagens Ícaro e Dédalo da mitologia grega.
Na mitologia, Ícaro era filho de Dédalo e de uma escrava da deusa Perséfone. Dédalo foi expulso de Atenas e refugiou-se com seu filho na ilha de Creta, juntamente com o rei Minos. Após o nascimento do Minotauro, foram Dédalo e seu filho Ícaro que construíram o labirinto que aprisionou o monstro. Tempos depois, o Minotauro foi morto pelo herói Teseu.
Após a morte do Minotauro, Dédalo e Ícaro ficaram presos no labirinto. Para escapar, ambos construíram asas artificiais a partir da cera de abelhas e penas de pássaros de diversos tamanhos, moldando-as com as mãos para ficarem como asas de verdade para assim voarem para longe de sua prisão. Antes da fuga, Dédalo alertou ao filho que não voasse muito perto do Sol para que o calor deste não derretesse a cera das asas, e nem muito perto do mar, pois os respingos das ondas poderiam deixar as asas mais pesadas. No entanto, Ícaro não ouviu os conselhos do pai e, tomado pelo desejo de voar próximo ao Sol, teve as asas derretidas e caiu no mar Egeu, onde afogou-se na área que hoje leva o seu nome, o Mar Icário, perto da ilha Icária a sudoeste de Samos na costa da Grécia.
Na música, a letra fala de um ancião que vê um menino tentar voar como Ícaro, mas as asas do menino falham e ele morre. A letra encoraja o ouvinte a perseguir seus sonhos e alcançar o Sol, mas também alerta sobre as possíveis consequências se eles voarem longe demais. É um conto de advertência sobre os perigos de exagerar e a importância de equilibrar ambição com cautela.
THE EVIL THAT MEN DO
Música do álbum Seventh Son of a Seventh Son, lançado em 1988.
Composição: Adrian Smith, Bruce Dickinson, Steve Harris
O título dessa música é baseado em uma citação presente na peça Julius Caesar, do escritor e dramaturgo inglês William Shakespeare, o qual diz: “O bem que os homens fazem é enterrado junto com os seus ossos. Mas o mal que os homens fazem (the evil that men do), sobrevive eternamente”. Essa frase foi replicada pelo vocalista Bruce Dickinson na apresentação do Rock in Rio III antes dessa música ser executada.
O álbum para o qual essa música foi composta, Seventh Son of a Seventh Son, é um álbum temático que conta a lenda do “sétimo filho de um sétimo filho”, um ser humano que nasceria com poderes sobrenaturais e que as forças do bem do mal lutariam para ter o Sétimo Filho ao seu lado. No álbum, a música está justamente na fase da história em que o Sétimo Filho se sente dividido entre o bem e o mal.
Nessa música, o Sétimo Filho se apaixona pela filha de um profeta que foi apresentado ao ouvinte na música anterior a essa na ordem do álbum (“Can I Play with Madness”). O profeta acaba por assassinar a própria filha, pois tinha medo de que ela se juntasse ao Sétimo Filho e, como o profeta já sabia do destino dele, resolveu que a filha não poderia entrar nesse mesmo destino. Demonstrando paixão pela sua amada, o Sétimo Filho se lamenta e diz que preferia ter ido no lugar dela. No pré-refrão da música, o Sétimo Filho demonstra a sua incerteza sobre seu caminho: “Vivendo no fio da navalha, balançando no limite”. No final, ciente de que estava chegando perto de dominar seus poderes, ele faz a última oração à sua amada: “E eu rezarei por você, algum dia eu posso retornar. Não chores por mim, foi no além que eu aprendi.” Esse ‘além’ significa que ele atingiu o total controle de seus poderes e aprendeu a controlá-los, e essa música acaba nessa parte da história.
BLOOD BROTHERS
Música do álbum Brave New World, lançado em 2000.
Composição: Steve Harris
Essa música foi escrita pelo baixista Steve Harris e tem como inspiração uma homenagem ao falecimento do seu pai. Além disso, a música não é apenas sobre essa homenagem, mas principalmente fala sobre a vida e o que pode eventualmente estar além dela. A homenagem ao pai falecido está lá principalmente para destacar que o fio condutor entre a vida e a vida após a morte são as memórias daqueles que partiram. Afinal, segundo o compositor, a única certeza que temos é que os entes queridos que partiram ainda vivem em nossa memória.
A música também é um alerta em tom de vergonha sobre o que está acontecendo no mundo contemporâneo. Capítulos negativos da História se repetem, independentemente das lições dos eventos passados (“… você acha que aprendemos? Não se você olhar para a confusão devastada pela guerra”). Surge a questão do significado da vida (“Será que algum dia saberemos qual é realmente a resposta para a vida?”) (“Você pode realmente me dizer o que é a vida?”).
Steve Harris resumiu o significado dessa música em uma entrevista logo após o lançamento do álbum: “Basicamente, está dizendo que todos nós somos feitos de sangue e pele e que há coisas boas e ruins no mundo, mas todos temos o mesmo sangue e não importa quem somos e de onde viemos.” Toda a humanidade, somos “irmãos de sangue” (blood brothers).
THE TROOPER
Música do álbum Piece of Mind, lançado em 1983.
Composição: Steve Harris
Essa música fala sobre a Batalha de Balaclava na Guerra da Criméia que iniciou em 1853. Esse foi um conflito entre o Império Russo e uma aliança formada pelo Império Britânico, França, Turquia e o Reino da Sardenha, que mais tarde protagonizaria a unificação da Itália.
Desde o fim do século XVIII, o Império Russo buscava aumentar a sua influência na região dos Bálcãs através da unificação dos povos eslavos sob um governo único e com liderança russa. Declarando o objetivo de proteger os locais sagrados para os cristãos em Jerusalém, o Império Russo atacou os principados turcos na região do rio Danúbio. Temendo que a presença russa naquela região pudesse interromper a rota de conexão com a Índia, sua então colônia, o Império Britânico apoiou a reação turca contra os russos.
Devido a erros de informação, uma brigada da Cavalaria Ligeira Britânica (Light Brigade, no original – um grupo de soldados cujos armamentos eram mais leves e os cavalos eram mais rápidos) contando com aproximadamente 607 homens atacou uma posição russa que estava amplamente mais fortificada do que o informado, com aproximadamente 50 peças de artilharia e 20 batalhões, juntos somando mais de 5 mil homens. Esse erro de informação custou caro e os britânicos foram massacrados diante da enorme discrepância das forças envolvidas na batalha, resultando em poucos sobreviventes. Esse episódio foi imortalizado pelo poeta britânico Lord Alfred Tennyson em sua obra “O Avanço da Cavalaria Ligeira” (The Charge of the Light Brigade, no original) que Steve Harris se inspirou para compor a música “The Trooper” (o soldado) do ponto de vista de um dos combatentes britânicos.
O conflito se encerraria com a derrota dos russos que, percebendo não serem capazes de derrotar a aliança franco-britânica, buscam os termos da paz e assinam o tratado de Paris em 30 de março de 1856, pondo fim às hostilidades.
Esta história é pouco conhecida em outros países, mas ao povo britânico é tão popular e importante quanto é a guerra da secessão para os norte-americanos. Quando o Iron Maiden executa essa música ao vivo, o vocalista Bruce Dickinson veste uma réplica histórica do uniforme com a jaqueta vermelha utilizada pela cavalaria britânica, e balança uma bandeira do Reino Unido rasgada, chamuscada e permeada de marcas de tiros por causa do conflito.
POWERSLAVE
Música do álbum Powerslave, lançado em 1984.
Composição: Bruce Dickinson
A faixa título de mesmo nome do icônico álbum “Powerslave”, composta pelo vocalista Bruce Dickinson, retrata os momentos finais da existência de um faraó no Antigo Egito. Naqueles tempos, a teocracia era o regime da região e os faraós eram a peça central nesse teatro de poder. Não eram somente os reis do Egito, mas, antes de tudo, eram reverenciados como representantes na Terra do deus supremo, Osíris. Eram tidos como deuses vivos pelo seu povo.
Sua letra traz para o ouvinte o paradoxo gerado pela situação do faraó: como um deus vivo pode morrer? Ao chegar aos seus momentos finais, o homem que ao longo da vida foi tratado de forma divina entende que o destino de sua alma é unir-se novamente a Osíris através da morte de seu corpo físico. Ele finalmente percebe que, apesar de seu enorme poder em vida, tudo que ele fez e conquistou foi na verdade uma obra do deus supremo que lhe deu a vida. Seu futuro, portanto, é inevitável, restando-lhe apenas passar seu trono para seu sucessor.
O faraó se vê como apenas um joguete nas mãos de um poder muito maior que o seu: o poder da Morte, o poder de Osíris, governante supremo do submundo. Assim ele foi e sempre será um “escravo do poder” (powerslave).
WASTING LOVE
Música do álbum Fear of the Dark, lançado em 1992.
Composição: Bruce Dickinson, Janick Gers
Essa música, cujo título pode ser traduzido como “desperdiçando amor”, foi lançada como um dos principais singles do álbum Fear of the Dark e seu videoclipe teve grande divulgação na mídia. É uma das músicas do Iron Maiden que incorpora um violão acústico, trazendo uma atmosfera única em seus dedilhados repletos de sentimento.
Durante a divulgação do álbum, o vocalista Bruce Dickinson falou sobre o significado dessa música. Para Dickinson, a faixa teve como inspiração “aqueles que pulam de uma cama para outra, que dormem com quem quer que apareça pela frente, sem dar nem receber o que procuram, pois são muito solitários. Eles estão sozinhos consigo mesmos, mas estão continuamente em ação, colecionando relacionamentos de curto prazo para tentar preencher o vazio que sentem.”
A letra da música gera uma reflexão sobre o que é realmente importante nas relações humanas.
REVELATIONS
Música do álbum Piece of Mind, lançado em 1983.
Composição: Bruce Dickinson
“Revelations” é uma música com vários significados. Ela possui citações à Bíblia Sagrada cristã (em inglês, o Livro do Apocalipse é chamado de Book of Revelations), à filosofia da fé Hindu e também à ensinamentos do Yoga e outras crenças e filosofias orientais, mas ao mesmo tempo é possível inverter a ideia básica e então a música assume um significado totalmente diferente se você olhar um pouco mais longe.
O primeiro verso é um trecho de um hinário inglês, escrito por G. K. Chesterton (1874-1936), que o vocalista e compositor Bruce Dickinson aprendeu na escola. Embora o texto tenha sido escrito no século XIX, sua descrição corresponde estranhamente ao que está acontecendo hoje em dia. Bruce também afirma que “há muito dinheiro circulando em nossa sociedade, mas, na verdade, quanto mais dinheiro você tem menos provável é que seja realmente feliz”. Essa oração introdutória fala da coragem de tirar o orgulho e substituí-lo por esperança e união, e a música fala sobre o uso da força de vontade para superar a escuridão e o desespero e romper com as correntes da opressão. A música também explora metaforicamente temas gerais de renascimento, com a letra falando sobre “o beijo da serpente”, “o olho do sol”, um lugar sagrado e o amanhecer. A música serve como um chamado e um lembrete de que basta uma pequena centelha de coragem para iniciar uma revolução.
As obras do ocultista inglês Aleister Crowley (1875-1947) também influenciaram a composição desta canção (como também é o caso com outras músicas do Iron Maiden compostas por Bruce Dickinson). Crowley pensava que, ao concentrar toda a sua energia apenas em seu cérebro, o homem poderia influenciar e mudar a forma como as coisas eram. De acordo com Crowley, o homem deveria lutar contra a natureza para exercitar seu cérebro e os poderes que ele contém, e alcançar por este meio a felicidade. Bruce Dickinson escreveu ‘Revelations’ em referência a esta teoria.
Além do significado bíblico, existe o princípio de que o homem pode revelar-se a si mesmo. O principal obstáculo à comunicação e à felicidade é feito do egoísmo e da auto-estima deslocada que dividem as pessoas entre si. Em outra parte da música é dito que “Não há razão para um lugar como este”, mostrando o absurdo da existência do homem na Terra se a esperança não existir mais. Em outro trecho é mencionado o “segredo do enforcado”: nas crenças hindus populares, o homem enforcado (the hanged man) é um sinal de boa sorte. É por isso que a música afirma que ele tem “um sorriso nos lábios”. Bruce lida com todos esses conceitos com eficiência e cautela devido à sua complexidade, tornando ‘Revelations’ uma música bastante enigmática.
THE WRITING ON THE WALL
Música do álbum Senjutsu, lançado em 2021.
Composição: Adrian Smith, Bruce Dickinson
Essa música busca inspiração em um tema bíblico. “The Writing on the Wall” (a escrita na parede) é uma expressão idiomática que sugere um evento iminente que trará problemas ou desastres. A origem dessa expressão baseia-se no relato da ‘Festa de Belsazar’, do capítulo 5 do livro do profeta Daniel no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada cristã. Esse relato é também a origem da frase cotidiana sobre “a escrita na parede”, significando que um determinado evento é iminente e deveria ser óbvio para um observador.
O relato bíblico conta que, em comemoração à destruição do Primeiro Templo, Belsazar (um príncipe herdeiro babilônico, filho do rei Nabucodonosor) oferece um banquete extravagante para mil de seus senhores. As festividades são interrompidas quando uma mão misteriosa aparece e começa a escrever na parede. Isso leva Belsazar a convocar seus sábios para decifrar o texto, mas eles são incapazes de fazê-lo. Seguindo o conselho da rainha, Belsazar então convoca o profeta Daniel, uma figura conhecida por sua sabedoria, que oferece um lembrete de que Nabucodonosor foi humilhado por Deus por sua arrogância. Ele então informa a Belsazar, um conhecido blasfemador, que a escrita na parede avisa o príncipe de que sua vida logo chegará ao fim, que ele foi pesado e considerado em falta e que seu reino será entregue aos medos e aos persas.
Embora essa música não faça referência direta à história bíblica, ela usa sua lição para transmitir uma mensagem de condenação e destruição iminentes. O vocalista Bruce Dickinson alerta que tempos terríveis estão chegando, mas nem todos podem ver que uma tempestade está chegando. Ele implora ao ouvinte que preste atenção aos sinais. O videoclipe da música conta com uma elaborada história em animação e computação gráfica, mostrando Quatro Cavaleiros encapuzados que atravessam o deserto em um esforço para derrotar um adversário político (pintado como um presidente americano, como evidenciado pela placa ‘Pres 1’ e bandeiras americanas de cabeça para baixo sem suas 50 estrelas). Ainda assim, a mensagem permanece a mesma: se um indivíduo não reconhecer o inevitável e se atentar aos sinais enquanto ainda há tempo, tudo terminará mal para ele.
THE NUMBER OF THE BEAST
Música do álbum The Number of the Beast, lançado em 1982.
Composição: Steve Harris
A faixa título do álbum de mesmo nome foi escrita pelo baixista Steve Harris. De acordo com o compositor, a música foi inspirada em um pesadelo que ele teve após assistir ao filme de terror de 1978 Damien: A Profecia 2 tarde da noite (o filme é sobre a história de uma criança de 13 anos que é considerada o anticristo), além do poema narrativo Tam o’ Shanter, escrito em 1790 pelo poeta escocês Robert Burns, que o baixista tinha como leitura de cabeceira.
A música começa com uma passagem falada, lida pelo ator inglês Barry Clayton, citando o Livro do Apocalipse 12:12 e 13:18 da Bíblia Sagrada cristã que menciona o “número da besta”, representado pelo número seiscentos e sessenta e seis. Esse número também serve como refrão da música.
Embora a música tenha sido escrita inspirada no pesadelo de Steve Harris sobre o filme de terror que ele havia visto, muitos grupos religiosos, principalmente nos Estados Unidos, tomaram a música como prova de que o Iron Maiden era uma banda satânica, mesmo após várias entrevistas do grupo explicando a origem da música e considerando essas acusações um absurdo. A arte original do álbum, desenhada pelo ilustrador Derek Riggs, mostra o ser humano sendo manipulado como marionete pelo diabo, porém mais acima quem manipula o diabo como marionete é o mascote da banda, Eddie.
IRON MAIDEN
Música do álbum Iron Maiden, lançado em 1980.
Composição: Steve Harris
A música que dá nome à banda (e também é a faixa título do seu primeiro álbum de estúdio) fala sobre o dispositivo de tortura da era medieval de mesmo nome, a “donzela de ferro”.
Esse dispositivo era um caixão de ferro de formato específico que lembrava um sarcófago. A parte interna da porta era incrustada com pontas compridas. O sarcófago ficava apoiado verticalmente para que a vítima pudesse ser colocada lá dentro, e a porta era fechada com seu próprio peso maciço, espetando e esmagando a vítima.
Steve Harris, fundador da banda e compositor, viu o “Iron Maiden” pela primeira vez na adaptação cinematográfica de 1977 de O Homem da Máscara de Ferro e o tomou como inspiração para a criação do nome da banda.
FEAR OF THE DARK
Música do álbum Fear of the Dark, lançado em 1992.
Composição: Steve Harris
Outra faixa título composta pelo baixista Steve Harris, essa música descreve como o narrador se sente ansioso quando está andando no escuro ou ouve um som estranho à noite. Ele é dominado pelo medo de que algo esteja sempre próximo e as sombras possam estar dançando atrás dele. O refrão reflete seus sentimentos de medo e paranoia constantes.
A música é sobre idéias paranóicas (medo de ser observado ou prejudicado por outras pessoas) ao invés de fobias (medo de objetos e situações), embora esta última seja referida na letra (“Tenho uma fobia de que alguém está sempre lá”). A escuridão parece ser o contexto e não a razão do medo. A música também explora a ideia de que o medo do desconhecido pode causar desconforto e muitas vezes pode ser irracional. Em essência, trata-se de superar o medo e aprender que as coisas que tememos muitas vezes não passam de ilusões mentais.
Nictofobia é o termo científico para o medo do escuro ou da noite. De acordo com Bruce Dickinson, Steve Harris escreveu essa música porque ele próprio tinha muito medo do escuro.
HALLOWED BE THY NAME
Música do álbum The Number of the Beast, lançado em 1982.
Composição: Steve Harris
Essa música, que originalmente encerra o álbum The Number of the Beast, é um tipo de melodia dos últimos ritos, já que o narrador reflete sobre sua vida enquanto caminha cada vez mais perto de sua morte prematura.
O narrador da música, mais especificamente, é uma pessoa inocente que logo será conduzido à forca para sua execução. A narração começa em sua cela e o toque do sino na introdução simboliza o fim de seu tempo na Terra. A futilidade da vida é questionada, o narrador afirmando que a vida aqui embaixo é apenas uma estranha ilusão. Uma pitada de hostilidade também é exibida – essa pessoa está prestes a ser executada injustamente por crimes que certamente não cometeu e, como resultado, muitas das frases da letra parecem frustradas e chocadas com essa reviravolta.
A letra é aberta à interpretação, além do tema da morte. Embora a interpretação lírica mais óbvia sejam os pensamentos de uma pessoa no corredor da morte, também pode ser interpretado como a morte de qualquer coisa importante na vida de alguém – como terminar um relacionamento ou largar um emprego. Essas interpretações variam de pessoa para pessoa, pois um significado mais pessoal pode ser derivado dessa faixa épica, mas a interpretação mais literal são os sentimentos de futilidade quando a mão do destino aponta dedo em você.
WASTED YEARS
Música do álbum Somewhere in Time, lançado em 1986.
Composição: Adrian Smith
Wasted Years (anos desperdiçados) é a segunda música e o primeiro single do álbum Somewhere in Time e foi composta pelo guitarrista Adrian Smith. É um hino de agradecimento ao presente. A música encoraja o ouvinte a refletir sobre o passado e encontrar uma maneira de se sentir bem pelo que se tem no momento presente em vez de perder tempo procurando por coisas que nunca poderão ser recuperadas.
A música também trata do assunto de saudade de casa e alienação, bem como os aspectos negativos que a banda viveu na turnê anterior de quase um ano à gravação dessa música e problemas pessoais pelos quais Smith e outros membros da banda estavam passando naquele período.
O refrão nos lembra de enfrentar, levantar o rosto, firmar nossa posição e perceber que estamos vivendo nos anos dourados de nossa vida. É um lembrete importante para se envolver e apreciar o presente, pois é tudo o que podemos ter certeza.